Este artigo foi publicado originalmente no Webinsider.
Opinião: a maioria das empresas capazes de prestar bons serviços em design e desenvolvimento não poderia participar de uma licitação para atender o governo, que já investe milhões em internet.
Hoje, passeando pela internet, fui parar no site do Brasil. Isso mesmo, no site do nosso país, o Brasil. Sabe o endereço? É www.brasil.gov.br.
Sempre soube que este site existia e me lembro até de uma campanha bem legal que fizeram para o lançamento, mas não o tinha ainda visitado interessadamente. Pois bem, para tudo tem uma primeira vez.
Contando que o site já foi muito pior, atualmente até que ele é muito interessante, muito coerente em seu projeto gráfico e editorial. Mas não é isso que quero analisar. É que logo na homepage encontrei um banner com a seguinte pergunta: “Quando o governo investe em mídia?”. Não resisti… Cliquei.
Ação é bem legal, pois neste link o governo divulga todo o seu gasto em mídia nos últimos anos. As informações estão em formato PDF. Abri por curiosidade a planilha com os gastos gerais e me surpreendi algumas vezes analisando os dados.
Os gastos estão divididos de acordo com o meio utilizado. Televisão é onde o investimento é maior, chegando a mais de 400 milhões de reais em alguns anos, seguida pelos jornais impressos com investimento anual entre 60 e 150 milhões de reais.
Mas meu espanto mesmo ficou por conta dos gastos com internet. Quase sempre o meio onde o investimento foi o menor entre todos os outros. Menos em 2003, quando se gastou cerca de 8 milhões de reais em internet e um pouco menos que 6 milhões em outdoor. Onda passageira, pois de janeiro a outubro de 2004 o governo voltou a gastar mais com outdoors (11 milhões) do que com internet (7 milhões).
Achou ruim? Eu não! Achei muito bom! Minha surpresa toda não foi pelo fato da internet ter ficado sempre atrás dos outros meios, mas sim pelo altíssimo investimento. Em 2001 o governo investiu mais de R$ 11 milhões em internet. Você tem noção do que é possível fazer na web com um montante desses? Não faço idéia, mas sei que é muita grana.
Vale lembrar que este é o investimento somado de todos os órgãos governamentais e empresas estatais sob controle do governo federal. Vale também a ponderação de que se trata do investimento somado de todas as ações: desenvolvimento de sites, promoção, manutenção, propagandas (banners) em sites privados, produção de conteúdo, campanhas publicitárias etc.
Estes números mostram um mercado aquecido, com excelentes oportunidades de negócios. Não somente nesta área governamental, mas também no setor privado, onde uma boa campanha online para lançamento de um produto ou divulgação de uma promoção é sempre muito importante e gera bons muitos lucros para a agência que a produz.
Neste sentido, profissionalização é o fator mais importante. E urgente. Para fazer um trabalho para o governo é necessário participar e vencer uma licitação. Para arrebanhar uma boa conta de uma empresa privada é importante ter know-how, bom portfólio e competência para negociação.
Tomando o exemplo do governo, cabe uma pergunta. O que é mais fácil encontrar no mercado atual: uma empresa séria, legalmente constituída e com certa tradição capaz de produzir um outdoor, ou uma empresa com as mesmas atribuições, capaz de produzir um site ou uma campanha de comunicação online?
Não faltam profissionais capacitados. Falta sim organização. Os melhores webdesigners que conheço não podem oferecem ao menos uma nota fiscal para seus clientes. Os profissionais dos meios online ainda hoje preferem trabalhar na informalidade, quase que na pirataria profissional a investir um capital relativamente pequeno em sua formalização e constituição empresarial.
Tubo bem que no Brasil este processo (formalização de uma empresa) é caro e burocrático, mas é um mal necessário. Nada que um bom contador não possa resolver.
Isso mostra que vale a pena investir na formalização de sua empresa e na aliança ou até na contratação de bons profissionais, de diversas áreas: publicidade, design, relações públicas.
Só assim é possível entrar “pra valer” no mercado e competir por financiamentos e trabalhos lucrativos. Se você pretende se aventurar neste ramo, fica a dica de que o mercado existe e não é pequeno, mas fica também o alerta: é preciso ter o mínimo de estrutura para oferecer aos seus futuros clientes.